O RGE é
descrito como o fluxo retrógrado do conteúdo gástrico para o esôfago distal.
É um
evento muito frequente nos recém-nascidos devido:
Ø Imaturidade do
esfíncter inferior do esôfago (EEI). Pode ocorrer a hipotonia (8%) ou
relaxamento transitório de mais de 35seg. (60 a 83%);
Ø retardo do
esvaziamento gástrico;
Ø ao próprio ato
de mamar que provoca grande ingestão de ar;
Ø aumento do volume do estômago devido ao volume proporcionalmente
grande de leite.
Se as regurgitações
perdurarem após 4 a 6 meses deve-se suspeitar de RGE patológico
QUADRO CLÍNICO
Dividido em:
Ø situações frequentes: vômitos, regurgitação,
tosse, esofagite, otite média recorrente, pneumonias de repetição, recusa
alimentar e choro excessivo principalmente na primeira hora após a
alimentação(devido o suco gástrico no esôfago).
Ø achados comuns: estridor, síndrome da morte
súbita, diminuição do crescimento e do desenvolvimento e apnéia;
Ø achados incomuns:
rouquidão, hemoptise, fibrose pulmonar e anemias.
DIAGNÓSTICO do refluxo gastroesofágico
patológico:
Ø História clínica;
Ø Radiografia contrastada do esôfago,estômago e
duodeno (REED); baixa especificidade. Exame positivo quando o
nível de contraste permanece acima do terço médio do esôfago, ou até a presença
deste nas VAS ou VAI;
ØMonitorização do pH esofágico (pH metria);
alta especifidade. O pH esôfago varia de 5 a 7 e abaixo de 4 sugere RGE;
Ø Cintilografia feito com tecnécio
(rádio-isotopo); alta especificidade; Indicação: verificar se há aspiração pulmonar
que possa justificar os quadros de bronquite e broncopneumonia.
ØEndoscopia Digestiva Alta, diagnostica os
problemas causados pelo refluxo;
ØUm novo exame que
ainda não está disponível na grande maioria dos serviços em nosso meio é a impedânciometria
esofágica que, associada à phmetria esofágica, promete auxiliar melhor no
diagnóstico do RGE.
TRATAMENTO
O tratamento clinico é realizado
através da educação postural, dieta(espessamento)e medicamentos.
üProcinéticos: aumenta a pressão exercida
sobre o EEI, ajuda na motilidade gástrica (amplia as contrações peristálticas)
e no esvaziamento gástrico. Cisaprida: Comercialização suspensa devido a
associação com arritmias e morte súbita. Domperidona (Motilium): aumenta o
peristaltismo intestinal e acelera o esvaziamento gástrico) Bromoprida;
Metoclopramida.
üAntiácidos
üAntagonistas dos receptores de H2:
ranitidina: diminui a acidez gástrica, inibindo sua secreção.
üInibidor da bomba de
prótons: omeprazol: inibe a secreção do ácido gástrico.
O tratamento cirúrgico (fundoplicatura de
Nissen por videolaparoscopia) é indicado: tratamento medicamentoso refratário, nas
complicações graves do RGE e crianças com déficit neurológico grave e doença
pulmonar crônica
Qual a melhor posição recomendada?
Há controvérsias!!!!
ØDecúbito Dorsal (Barriga para cima): diminui
o risco de morte súbita Campanha da Pastoral da Criança
ØDecúbito Lateral Direito: favorece o
esvaziamento gástrico
ØDecúbito Lateral
Esquerdo: associado à diminuição do índice de refluxo quando comparado às demais
posições, conforme demonstrado em alguns estudos
Consenso: Decúbito Ventral NÃO é
recomendado devido à associação com a morte súbita do lactente,
embora no passado tenha sido a posição
mais
recomendada e estudada
Cuidados de
Enfermagem
Ø orientar aos pais quanto a normalidade da
regurgitação nos primeiros meses;
Ø proporcionar alimentação fracionada (volumes
pequenos, várias vezes ao dia);
Ø manter a cabeceira elevada a 30º;
Ø manter a criança
ereta no período pós-prandial por 30min. Crianças maiores recomenda-se que não
se deitem nem fiquem sentadas por muito tempo após às refeições;
Ø evitar alimentos que diminuam o tônus do EEI
ou aumentem a acidez gástrica, como por exemplo alimentos gordurosos,
condimentos diversos, frutas cítricas, chocolate, chá, café, refrigerantes e
hortaliças cruas, tomates;
Ø colocar a criança para eructar durante e após
cada mamada;
Ø movimentar o mínimo a criança durante e após
a refeição;
Ø evitar manobras que
aumentem a pressão intra-abdominal, por exemplo, abraçá-la pelo abdome durante
a troca de fraldas, bem como não utilizem cintos apertados
em crianças maiores
Ø observar alterações no padrão respiratório;
Ø verificar o peso
diário (se hospitalizada);
OBS.: O espessamento do leite com
farináceos (farinha de arroz ou milho), a 3 a 5% pode ter indicação médica. Já
existe no mercado nacional fórmulas lácteas com espessantes (Nan AR e Enfamil
AR)
BIBLIOGRAFIA
Hockenberry MJ, Wilson D, Winkelstein
ML. Wong Fundamentos de enfermagem pediátrica. 8.ed. São Paulo:
Elsevier, 2011.
Laranjeira M. Refluxo gastroesofágico.
http://www.cibersaude.com.br/revistas.asp?id_materia=3675 visualizado em 11
setembro de 2012)
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