O que é a amniocentese?
A amniocentese é um exame invasivo no qual uma amostra do líquido amniótico é retirada de dentro do útero e examinada em laboratório, para determinar se o bebê possui algum problema de saúde. Trata-se de um exame diagnóstico, o que significa que é capaz de dizer praticamente com certeza se o bebê tem ou não determinado problema. A amniocentese é um dos grandes avanços no acompanhamento da gravidez. Além de diagnosticar síndromes cromossômicas (como a síndrome de Down), também revela o sexo do bebê e a maturidade dos pulmões dele.
Que tipo de problema a amniocentese detecta?
O exame é capaz de identificar centenas de síndromes:
Problemas cromossômicos como a síndrome de Down e a trissomia do cromossomo 18.
Defeitos congênitos no tubo neural como espinha bífida e anencefalia (que também são detectáveis mais tarde pelo ultra-som).
A amniocentese também revela se há incompatibilidade do fator Rh entre a mãe e o bebê (se o bebê for Rh positivo e a mãe Rh negativo), e, mais no final da gravidez, se os pulmões do bebê já estão maduros, caso os médicos estejam pensando em antecipar o parto. O exame, no entanto, não diagnostica todos os tipos de anormalidades. Um dos exemplos é que só pela amniocentese não dá para saber se a criança tem lábio leporino ou fenda palatina. Esses problemas podem ser diagnosticados por uma ultra-sonografia detalhada.
Tenho de fazer a amniocentese?
Esse exame não é realizado de rotina numa gravidez normal. A indicação para o exame é o fato de a mãe apresentar um risco maior de ter um bebê com síndrome de Down, como ter mais de 35 anos de idade ou casos de anormalidades congênitas ou genéticas na família, tanto da mãe quanto do pai. Também pode haver indicação para a amniocentese se o médico tiver detectado alguma alteração no exame de translucência nucal, realizado por ultra-som entre a 11a e a 13a semana de gravidez. Normalmente, o exame é feito a pedido dos pais, e não por indicação médica.
No Brasil, ao contrário do que acontece em alguns outros países, a lei não permite a interrupção da gravidez em caso de um defeito genético como a síndrome de Down, mas em alguns casos juízes têm autorizado abortos seletivos no caso de síndromes ou malformações que representem incompatibilidade com a vida. O resultado da amniocentese pode ajudar na tomada desse tipo de decisão, que precisa ser analisada caso a caso, sempre fundamentada com uma série de laudos. É necessária a ajuda de um advogado ou de um representante do Ministério Público, e nem sempre a autorização é obtida.
Em caso de problemas menos graves, o conhecimento prévio dos defeitos congênitos do bebê facilita o atendimento à criança logo depois do nascimento (preparação de UTI neonatal, presença de especialistas etc.), além de preparar a família para o que está por vir.
A amniocentese também pode ser usada para determinar a paternidade da criança pelo exame de DNA antes do nascimento, embora seja incomum ela ser realizada apenas por esse motivo.
Quando o exame costuma ser realizado?
A amniocentese é mais comumente feita entre a 15a e a 18a semana de gravidez. Ela pode, porém, ser realizada já na 12a semana. A realização do exame antes da 14a semana demonstrou representar um risco maior de abortamento. No segundo trimestre, já há líquido amniótico suficiente dentro do útero para que os especialistas possam retirar uma amostra adequada sem colocar o bebê em risco muito alto. Se por algum motivo o bebê tiver de nascer prematuro, o obstetra pode sugerir a realização da amniocentese para verificar se os pulmões dele já estão amadurecidos.
Como a amniocentese é feita?
A mulher permanece deitada, enquanto o médico, usando imagens de ultra-som para se orientar, identifica um bolsão de líquido amniótico a uma boa distância da placenta e do bebê. Em seguida ele insere uma agulha comprida na barriga da mãe para retirar o líquido.
Você pode conversar com o médico antes para ver se ele prefere usar uma anestesia local, mas muitos especialistas acreditam que ela não é necessária. Através da agulha, o especialista retira uma pequena quantidade de líquido amniótico -- cerca de duas colheres de sopa. O líquido contém células do bebê, substâncias e microorganismos que podem esclarecer muitas dúvidas sobre a saúde da criança.
O processo de localizar o melhor lugar para o exame, com a ajuda do ultra-som, pode levar até 20 minutos. A punção do líquido em si demora apenas cinco minutos. Depois que a agulha é retirada, a mulher pode sentir cólica. O médico vai monitorá-la para ver se o útero está contraindo, e ouvir o coração do bebê para garantir que ele não tenha sofrido nenhum estresse por causa do exame.
A amniocentese dói?
A maioria das mulheres acha que a picada da agulha dói, mas às vezes elas podem sentir mais um desconforto que dor propriamente dita. Depende da sensibilidade da pessoa. O uso de anestesia local pode amenizar um pouco a dor, mas acrescenta mais uma picada. Se você for fazer o exame, tente se concentrar na imagem do seu bebê no ultra-som, para ficar mais calma.
Depois do procedimento a mulher pode sentir cólicas, que normalmente são leves, mas para algumas são mais doloridas. O médico deve recomendar repouso depois do exame, por pelo menos 24 horas, e prescrever medicamentos para a dor, se necessário.
O exame traz riscos para o bebê?
Embora a amniocentese seja considerada um exame seguro, trata-se de um procedimento invasivo, que sempre tem riscos. Cerca de uma em cada 200 mulheres acaba sofrendo uma infecção ou algum outro tipo de complicação em consequência da amniocentese, que levam à perda do bebê. Outras mulheres têm um pequeno sangramento vaginal ou perdem um pouco de líquido amniótico.
O risco continua existindo mesmo quando a amniocentese é feita mais tardiamente, no terceiro trimestre, por exemplo.
Entre os sinais de uma possível infecção estão febre, contrações uterinas e sensibilidade na área, assim como sentir frio e calor alternadamente. Se você tiver qualquer um desses sintomas depois de uma amniocentese, procure o médico imediatamente. A perda de líquido amniótico pela vagina deve parar sozinha depois de alguns dias, mas você terá de ficar de repouso até que isso aconteça.
Em casos bastante raros, a agulha pode atingir o bebê, o que leva a complicações.
Se você não tem certeza se deve fazer a amniocentese, ou se está muito preocupada com o procedimento, tenha uma boa conversa com o médico, com antecedência. Ele vai poder orientá-la sobre os prós e os contras e contar em detalhes tudo o que acontece durante o exame.
Os resultados saem na hora?
Infelizmente não. A amostra de líquido precisa ser enviada para o laboratório, onde as células serão cultivadas. Pode levar até duas semanas para que haja células suficientes a ponto de os especialistas fazerem o diagnóstico com segurança. Existe uma nova modalidade do exame, porém, que usa análise molecular e obtém resultados preliminares em até 72 horas. A realização desse teste rápido não elimina a análise posterior, mas serve para tranquilizar os pais, já que dá o resultado sobre as síndromes cromossômicas mais comuns. O sexo do bebê também já é revelado nessa primeira leva de resultados.
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