terça-feira, 26 de agosto de 2014

Revisão de Refluxo Gastroesofágico

REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE)

 

O RGE é descrito como o fluxo retrógrado do conteúdo gástrico para o esôfago distal.

É um evento muito frequente nos recém-nascidos devido:

 

Ø Imaturidade do esfíncter inferior do esôfago (EEI). Pode ocorrer a hipotonia (8%) ou relaxamento transitório de mais de 35seg. (60 a 83%);

Ø retardo do esvaziamento gástrico;

Ø ao próprio ato de mamar que provoca grande ingestão de ar;

Ø aumento do volume do estômago devido ao volume proporcionalmente grande de leite.

 

Se as regurgitações perdurarem após 4 a 6 meses deve-se suspeitar de RGE patológico

 

 

QUADRO CLÍNICO

 

Dividido em:

Ø situações frequentes: vômitos, regurgitação, tosse, esofagite, otite média recorrente, pneumonias de repetição, recusa alimentar e choro excessivo principalmente na primeira hora após a alimentação(devido o suco gástrico no esôfago).

Ø achados comuns: estridor, síndrome da morte súbita, diminuição do crescimento e do desenvolvimento e apnéia;

Ø achados incomuns: rouquidão, hemoptise, fibrose pulmonar e anemias.

 

 

 

DIAGNÓSTICO do refluxo gastroesofágico patológico:

 

Ø História clínica;

Ø Radiografia contrastada do esôfago,estômago e duodeno (REED); baixa especificidade. Exame positivo quando o nível de contraste permanece acima do terço médio do esôfago, ou até a presença deste nas VAS ou VAI;

ØMonitorização do pH esofágico (pH metria); alta especifidade. O pH esôfago varia de 5 a 7 e abaixo de 4 sugere RGE;

Ø Cintilografia feito com tecnécio (rádio-isotopo); alta especificidade; Indicação: verificar se há aspiração pulmonar que possa justificar os quadros de bronquite e broncopneumonia.

ØEndoscopia Digestiva Alta, diagnostica os problemas causados pelo refluxo;

ØUm novo exame que ainda não está disponível na grande maioria dos serviços em nosso meio é a impedânciometria esofágica que, associada à phmetria esofágica, promete auxiliar melhor no diagnóstico do RGE.

 

 

 

TRATAMENTO

 

O tratamento clinico é realizado através da educação postural, dieta(espessamento)e medicamentos.

 

üProcinéticos: aumenta a pressão exercida sobre o EEI, ajuda na motilidade gástrica (amplia as contrações peristálticas) e no esvaziamento gástrico. Cisaprida: Comercialização suspensa devido a associação com arritmias e morte súbita. Domperidona (Motilium): aumenta o peristaltismo intestinal e acelera o esvaziamento gástrico) Bromoprida; Metoclopramida.

üAntiácidos

üAntagonistas dos receptores de H2: ranitidina: diminui a acidez gástrica, inibindo sua secreção.

üInibidor da bomba de prótons: omeprazol: inibe a secreção do ácido gástrico.

 

O tratamento cirúrgico (fundoplicatura de Nissen por videolaparoscopia) é indicado: tratamento medicamentoso refratário, nas complicações graves do RGE e crianças com déficit neurológico grave e doença pulmonar crônica

 

 

Qual a melhor posição recomendada?

 

Há controvérsias!!!!

 

ØDecúbito Dorsal (Barriga para cima): diminui o risco de morte súbita Campanha da Pastoral da Criança

ØDecúbito Lateral Direito: favorece o esvaziamento gástrico

ØDecúbito Lateral Esquerdo: associado à diminuição do índice de refluxo quando comparado às demais posições, conforme demonstrado em alguns estudos

 

Consenso: Decúbito Ventral NÃO é recomendado devido à associação com a morte súbita do lactente,

embora no passado tenha sido a posição mais

recomendada e estudada

 

 

Cuidados de Enfermagem

Ø orientar aos pais quanto a normalidade da regurgitação nos primeiros meses;

Ø proporcionar alimentação fracionada (volumes pequenos, várias vezes ao dia);

Ø manter a cabeceira elevada a 30º;

Ø manter a criança ereta no período pós-prandial por 30min. Crianças maiores recomenda-se que não se deitem nem fiquem sentadas por muito tempo após às refeições;

Ø evitar alimentos que diminuam o tônus do EEI ou aumentem a acidez gástrica, como por exemplo alimentos gordurosos, condimentos diversos, frutas cítricas, chocolate, chá, café, refrigerantes e hortaliças cruas, tomates;

Ø colocar a criança para eructar durante e após cada mamada;

Ø movimentar o mínimo a criança durante e após a refeição;

Ø evitar manobras que aumentem a pressão intra-abdominal, por exemplo, abraçá-la pelo abdome durante a troca de fraldas, bem como não utilizem cintos apertados

em crianças maiores

Ø observar alterações no padrão respiratório;

Ø verificar o peso diário (se hospitalizada);

 

OBS.: O espessamento do leite com farináceos (farinha de arroz ou milho), a 3 a 5% pode ter indicação médica. Já existe no mercado nacional fórmulas lácteas com espessantes (Nan AR e Enfamil AR)

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

Hockenberry MJ, Wilson D, Winkelstein ML. Wong Fundamentos de enfermagem pediátrica. 8.ed. São Paulo: Elsevier, 2011.

Laranjeira M. Refluxo gastroesofágico. http://www.cibersaude.com.br/revistas.asp?id_materia=3675 visualizado em 11 setembro de 2012)

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