A síndrome metabólica (SM) é um transtorno complexo
representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular relacionados à
deposição central de gordura e à resistência à insulina. É importante destacar
a associação entre SM e doença cardiovascular, aumentando a mortalidade geral
em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 25 vezes.
A circunferência abdominal,
medida no meio da distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior,
por ser o índice antropométrico mais representativo da gordura intra-abdominal
e de aferição mais simples e reprodutível, é a medida recomendada. Para
mulheres com 80–88 cm e homens entre 94–102 cm uma monitorização mais frequente
dos fatores de risco para doenças coronarianas.
Não foram encontrados estudos representativos da
prevalência de SM no Brasil, mas no México, Ásia e na população norte-americana
estudos mostram a alta prevalência que varia de 12,4% a 28,5% em homens e 10,7%
a 40,5% em mulheres.
Segundo a National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III
(NCEP-ATP III) a SM representa a combinação de pelo menos 3 desses componentes:
Obesidade abdominal por meio de
circunferência abdominal > 102 cm em homens e Mulheres > 88 cm;
Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL;
HDL Colesterol em Homens < 40
mg/dL e Mulheres < 50 mg/dL;
Pressão arterial ≥ 130 mmHg ou ≥
85 mmHg;
Glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL.
Apesar de não fazerem parte dos
critérios diagnósticos da síndrome metabólica, várias condições clínicas e
fisiopatológicas estão frequentemente a ela associadas, tais como: síndrome de
ovários policísticos, acanthosis nigricans, doença hepática gordurosa
não-alcoólica, microalbuminúria, estados pró-trombóticos, estados
pró-inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia.
Segundo NCEP-ATP III para
confirmar o diagnóstico de SM e identificar os fatores de risco
cardiovasculares, realiza-se:
Ø História clínica
- idade, tabagismo, prática de atividade física, história pregressa de
hipertensão, diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana,
acidente vascular encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença
hepática gordurosa não-alcoólica, hiperuricemia, história familiar de
hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, uso de medicamentos
hiperglicemiantes (corticosteróides, betabloqueadores, diuréticos).
Ø Exame físico
necessário para diagnóstico da SM:
• Medida da circunferência
abdominal - A medida da circunferência abdominal é tomada na metade da
distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior.
• Níveis de pressão arterial -
Deve-se aferir no mínimo duas medidas da pressão por consulta, na posição
sentada, após cinco minutos de repouso.
Além destes dois dados
obrigatórios deverá estar descrito no exame físico destes pacientes:
• Peso e estatura. Devem ser utilizados
para o cálculo do índice de massa corporal através da fórmula: IMC =
Peso/Altura2.
• Exame da pele para pesquisa de acantose nigricans. Examinar pescoço e
dobras cutâneas.
• Exame cardiovascular.
Ø Exames
laboratoriais necessários para o diagnóstico da SM:
• Glicemia de jejum.
• Dosagem do HDL-colesterol e dos
triglicerídeos.
Outros exames laboratoriais
adicionais poderão ser realizados para melhor avaliação do risco cardiovascular
global, tais como: colesterol total, LDL-colesterol, creatinina, ácido úrico,
microalbuminúria20, proteína C reativa, TOTG (glicemia de jejum e após duas
horas da ingestão de 75g de dextrosol), eletrocardiograma. A presença de LDL
aumentado não faz parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica,
porém, frequentemente, os pacientes portadores de resistência à insulina e
síndrome metabólica apresentam aumento da fração pequena e densa do LDL
colesterol que tem um potencial aterosclerótico maior.
Fatores
de risco
De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade
relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial
sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de
frutas, hortaliças e leguminosas,
sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo. Cinco desses fatores de
risco estão relacionados à alimentação e à atividade física e três deles têm
grande impacto no aparecimento da Síndrome Metabólica (SM).
Os fatores que mais contribuem
para SM são: predisposição genética, alimentação inadequada e inatividade
física.
Neste caso a prevenção primária,
devido o aumento da prevalência da obesidade em todo o Brasil, consiste em
adoção precoce de estilo de vida saudável, como dieta adequada e prática de
atividade física regular, preferencialmente desde a infância.
A atividade física é determinante
do gasto de calorias e fundamental para o balanço energético e controle do
peso. A atividade física regular ou o exercício físico diminuem o risco relacionado
a cada componente da SM e trazem benefícios substanciais também para outras
doenças (câncer de cólon e câncer de mama). Baixo condicionamento cardiorrespiratório,
pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência da SM em três a quatro
vezes.
Programas educativos que abordem
as medidas preventivas em escolas, clubes, empresas e comunidades podem
contribuir para a prevenção da SM.
Fonte: I
DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA - Arquivos
Brasileiros de Cardiologia - Volume 84, Suplemento I, Abril 2005
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