sábado, 20 de agosto de 2016

Síndrome metabólica


A síndrome metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina. É importante destacar a associação entre SM e doença cardiovascular, aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 25 vezes.
A circunferência abdominal, medida no meio da distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior, por ser o índice antropométrico mais representativo da gordura intra-abdominal e de aferição mais simples e reprodutível, é a medida recomendada. Para mulheres com 80–88 cm e homens entre 94–102 cm uma monitorização mais frequente dos fatores de risco para doenças coronarianas.

Não foram encontrados estudos representativos da prevalência de SM no Brasil, mas no México, Ásia e na população norte-americana estudos mostram a alta prevalência que varia de 12,4% a 28,5% em homens e 10,7% a 40,5% em mulheres.
Segundo a National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III) a SM representa a combinação de pelo menos 3 desses componentes:

Obesidade abdominal por meio de circunferência abdominal > 102 cm em homens e Mulheres > 88 cm;
Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL; 
HDL Colesterol em Homens < 40 mg/dL e Mulheres < 50 mg/dL;
Pressão arterial ≥ 130 mmHg ou ≥ 85 mmHg;
Glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL.

Apesar de não fazerem parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, várias condições clínicas e fisiopatológicas estão frequentemente a ela associadas, tais como: síndrome de ovários policísticos, acanthosis nigricans, doença hepática gordurosa não-alcoólica, microalbuminúria, estados pró-trombóticos, estados pró-inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia.

Segundo NCEP-ATP III para confirmar o diagnóstico de SM e identificar os fatores de risco cardiovasculares, realiza-se:

Ø  História clínica - idade, tabagismo, prática de atividade física, história pregressa de hipertensão, diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença hepática gordurosa não-alcoólica, hiperuricemia, história familiar de hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides, betabloqueadores, diuréticos).

Ø  Exame físico necessário para diagnóstico da SM:

• Medida da circunferência abdominal - A medida da circunferência abdominal é tomada na metade da distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior.
• Níveis de pressão arterial - Deve-se aferir no mínimo duas medidas da pressão por consulta, na posição sentada, após cinco minutos de repouso.

Além destes dois dados obrigatórios deverá estar descrito no exame físico destes pacientes:

• Peso e estatura. Devem ser utilizados para o cálculo do índice de massa corporal através da fórmula: IMC = Peso/Altura2.
• Exame da pele para pesquisa de acantose nigricans. Examinar pescoço e dobras cutâneas.
• Exame cardiovascular.

Ø  Exames laboratoriais necessários para o diagnóstico da SM:

• Glicemia de jejum.
• Dosagem do HDL-colesterol e dos triglicerídeos.

Outros exames laboratoriais adicionais poderão ser realizados para melhor avaliação do risco cardiovascular global, tais como: colesterol total, LDL-colesterol, creatinina, ácido úrico, microalbuminúria20, proteína C reativa, TOTG (glicemia de jejum e após duas horas da ingestão de 75g de dextrosol), eletrocardiograma. A presença de LDL aumentado não faz parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, porém, frequentemente, os pacientes portadores de resistência à insulina e síndrome metabólica apresentam aumento da fração pequena e densa do LDL colesterol que tem um potencial aterosclerótico maior.

Fatores de risco

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de
frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo. Cinco desses fatores de risco estão relacionados à alimentação e à atividade física e três deles têm grande impacto no aparecimento da Síndrome Metabólica (SM).

Os fatores que mais contribuem para SM são: predisposição genética, alimentação inadequada e inatividade física.

Neste caso a prevenção primária, devido o aumento da prevalência da obesidade em todo o Brasil, consiste em adoção precoce de estilo de vida saudável, como dieta adequada e prática de atividade física regular, preferencialmente desde a infância.

A atividade física é determinante do gasto de calorias e fundamental para o balanço energético e controle do peso. A atividade física regular ou o exercício físico diminuem o risco relacionado a cada componente da SM e trazem benefícios substanciais também para outras doenças (câncer de cólon e câncer de mama). Baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência da SM em três a quatro vezes.

Programas educativos que abordem as medidas preventivas em escolas, clubes, empresas e comunidades podem contribuir para a prevenção da SM.

Fonte: I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA - Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 84, Suplemento I, Abril 2005

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